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5 momentos de pausa no dia a dia da Serra da Mantiqueira

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A vida na serra nos permite incorporar à rotina interrupções deliciosas que vão se enfiando no meio do dia e, quando percebemos, reformularam completamente a relação que temos com o tempo.


Vivendo aqui, vamos aprendendo que é possível ter respiros que se misturam ao café, à terra e ao vento. Aos poucos, eles vão se tornando pequenos rituais que, quase sem percebermos, se incorporam a rotina e nos lembram o porquê de escolher viver nesse ritmo. 


Separei cinco desses momentos que têm me feito feliz.


1. Pausa para o Café da Tarde


Chazinho com mix de ervas feito na hora e pão artesanal com geleia caseira de frutas vermelhas no Café Colonial do Bruno Pães Artesanais, todos os dias, das 16h às 18h
Chazinho com mix de ervas feito na hora e pão artesanal com geleia caseira de frutas vermelhas no Café Colonial do Bruno Pães Artesanais, todos os dias, das 16h às 18h

Quando eu era criança, todos os dias, por volta das 16h, a gente parava para tomar o café da tarde. Da padaria, além do pão, vinham rosca, frios, queijo, biscoitos e sempre tinha um bolo feito em casa. 


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Por aqui, a Padaria do Bruno, uma das melhores padarias que conheço, oferece todos os dias, das 16h às 18h, um Café Colonial. Por R$30 é possível se servir à vontade no buffet que inclui geléias, manteiga, queijos, bolos, iogurte, chá, suco, salada de fruta e quitutes da roça, como o João Deitado, uma espécie de biscoito de milho enrolado em folha de bananeira, bolinho de chuva, biscoito de polvilho e broa.


Sim, a comida é uma delícia. Mas é muito mais sobre parar para saborear o tempo sem pressa no meio da tarde, sentindo o cheirinho do café fresco e do bolo que acabou de sair do forno, olhando pela janela pra ver a luz do dia mudando sobre os morros e simplesmente ficar ali, sentada, deixando o mundo girar por um instante.


No caminho, cruzar a praça e ver os senhorzinhos sentados no banco conversando nos lembra que a vida pode ter outro ritmo e outras prioridades.


2. Conversa sem pressa na lanchonete

Ir ao centrinho comer o pastel da Eliete é um compromisso extraoficial da semana, que não está na agenda, mas que a gente sabe que provavelmente vai acontecer. A lanchonete dela foi uma feliz descoberta, depois da tristeza inicial por acharmos que não iríamos encontrar pastel de feira por aqui. 


Mas não para por aí. A Eliete é confeiteira e cozinheira de mão cheia e sempre tem bolos e doces deliciosos na vitrine. Foi ela que fez o bolo de aniversário da minha mãe, sem lactose como pedimos, e que foi um sucesso! Quando está mais animada, serve almoço e, em alguns sábados, feijoada.


As visitas sempre acabam se transformando em um bom papo, em que a gente se atualiza das novidades e aprende sobre a dinâmica das relações e da vida por aqui.


3. Regar as plantas e cuidar da horta


Baby horta, com mudinhas de salsinha, cebolinha, rabanete, tomilho, orégano e sálvia recém plantadas
Baby horta, com mudinhas de salsinha, cebolinha, rabanete, tomilho, orégano e sálvia recém plantadas

A gente sai “só pra dar uma olhada” nas plantas e volta quarenta minutos depois, com terra na mão, uma flor nova que não estava lá ontem e uma lista mental de coisas que vai plantar na próxima lua crescente. Mais do que uma tarefa, ligar a mangueira para aguar as verduras da horta e as flores da varanda e sentir o cheiro de terra molhada se espalhando é uma verdadeira terapia, principalmente nos dias mais quentes.


Reparar nas novas folhas, brotos e frutinhas crescendo a cada dia nos dá a verdadeira dimensão do tempo que as coisas levam para ficarem prontas e coloca em perspectiva o senso de urgência. Ao mesmo tempo, acompanhar flores nascendo, murchando e outras nascendo no lugar, nos recorda da efemeridade das coisas e de como a vida é feita de ciclos. 


É um cuidado simples, mas que traz imensa satisfação e nos faz lembrar de ter paciência e esperança.


4. Passear com as gatas 


Xixiquinha ama deitar na grama e sentir o cheirinho de mato quando passeia de coleirinha em volta da casa
Xixiquinha ama deitar na grama e sentir o cheirinho de mato quando passeia de coleirinha em volta da casa

Uma das preocupações quando pensamos em nos mudar para uma chácara foi em como lidar com as gatas. Nossa escolha foi colocar telas mosquiteiras em todas as portas e janelas, o que acaba ajudando muito a evitar a entrada de bichinhos em casa.


Quando estamos dentro de casa, elas ficam tranquilas e observam os passarinhos e insetos pelas janelas. Mas quando ficamos fora, em volta da casa, querem sair também. Já pensava em passear com elas, então acostumei as duas pequenas a passearem de coleirinha. E elas adoram!


Elas saem na frente, farejam cada cantinho, param para observar um pássaro e nos guiam devagar. Segui-las em seu passeio curioso é um exercício de atenção ao detalhe: uma teia de aranha, um grilo, uma planta recém descoberta. Passear com elas se tornou uma atividade que mistura observação e paciência e uma forma de acalmar os pensamentos por alguns minutos. 


5. Pausa para olhar, só olhar mesmo


O som do vento movimentando as folhas das árvores e os passarinhos cantando nos fazem perceber a força da natureza na Serra da Mantiqueira

Essa é a mais simples e a mais profunda. Seja pela manhã, tomando café na varanda, ou tirando alguns minutinhos no meio da tarde, não tem como não se perder na beleza da natureza em volta da gente. 


É parar tudo e deixar o olhar viajar pelo verde infinito da Serra da Mantiqueira, pelas nuvens encostadas no topo dos morros, pelas aves diferentes que vêm se alimentar no laguinho, beija-flores atraídos pelas flores nos vasos e o casal de sanhaços-cinzentos que fazem ninho no telhado. É acompanhar o movimento das libélulas, borboletas e pequenos insetos e perceber a quantidade de vida no ar. 


Esses pequenos momentos me fazem entender a grandiosidade, o poder e a inteligência da natureza, que se manifesta em coisas tão pequenas e tão gigantes, que estão totalmente conectadas e em harmonia.


A sequência de pequenas pausas reorganizam o humor e nos fazem valorizar o tempo. No fim, a gente descobre que é nesses intervalos, nesses pequenos "nadas" cheios de significado, que a vida se revela.

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